terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Insegurança toma conta das praças de Belém.

Consumo de drogas, assaltos e abandono do patrimônio público afastam a população das principais praças da cidade.
Praças são sinônimos de paz, relaxamento, um lugar para ler, namorar ou conversar. Mas em Belém, a situação não é esta. Muitos desses logradouros estão abandonados e, ao invés de momentos de prazer, oferecem medo e insegurança. A população responsabiliza o poder público pelo estado das praças da República, Magalhães, Waldemar Henrique e Princesa Isabel. Na praça da República, que fica no bairro da Campina, por exemplo é comum relatos de pessoas que já foram ou conhecem alguém que foi vítima da falta de segurança. A praça um dos mais belos logradouros de Belém e abriga importantes monumentos arquitetônicos dos tempos áureos da borracha como o Theatro da Paz, o Teatro Waldemar Henrique, o Bar do Parque, os coretos em estilo Art Nouveau. Esse conjunto poderia ser sempre apreciado por quem passa, mas algumas cenas, como a de jovens consumindo drogas à luz do dia, assusta as pessoas. Na última semana de dezembro, a equipe de reportagem do Público flagrou quatro jovens consumindo droga em um banco da praça. Junto com eles estava uma criança, que aparentava ter cerca de dois anos. Há poucos metros do local fica o quiosque da Guarda Municipal e lá estavam cinco deles conversando, alheios aos fatos. Um dos guardas informou que estava em horário de almoço e, por isso, não havia ronda. "Nosso intervalo de almoço vai de 12 às 15 horas. Por isso estamos aqui, mas em instantes começaremos a ronda na praça", justificou o guarda que não quis se identificar. Nesse momento os jovens já haviam ido embora. O comerciário Júnior Rodrigues disse que já presenciou cenas parecidas e até assaltos. Ele não entende como os guardas não interferem. "Acho péssima a segurança que tem aqui, porque a função dos guardas municipais é zelar pelo patrimônio público e eles ficam sempre dentro da cabine, enquanto as coisas estão acontecendo aqui fora", opinou o comerciário. Um grupo de aposentados, que se reúnem quase todas as tardes em um dos bancos da praça da República, relatou que é freqüente o consumo de drogas a qualquer hora do dia, assim como os assaltos. "Eles (usuários de droga) ficam debaixo das árvores, por trás do Teatro Waldemar Henrique fumando e bebendo. Isso é muito feio pra nós, belenenses, porque o turista que vê uma situação dessas leva uma imagem ruim de nossa cidade. Se tivéssemos policiamento na praça, isso não acontecerá", relatou o aposentado Raimundo dos Santos. Dentro do coreto, que fica atrás do Theatro da Paz, o flagrante é o mesmo. Lá, alguns adolescentes e adultos cheiram cola. De acordo com o taxista Abraão Almeida, depois que eles usam a droga partem para assaltar as pessoas que passam pelo local. "Fico aqui no ponto e sempre vejo alguns deles puxando a bolsa ou carteira de quem passa sem prestar atenção neles". disse o taxista. Na praça Waldemar Henrique, que também fica no bairro da Campina, a situação é bem pior. Falta segurança e não há conservação do patrimônio público. O local está cheio de lixo e fezes. Vários grupos de moradores de rua e até flanelinhas cheiram cola. Também na Campina, em frente às Docas do Pará, fica a praça Magalhães, que nem possui placa identificação. Nela há um belíssimo coreto, que segue o mesmo estilo arquitetônico que há na praça da República, mas sua beleza contrasta com a cena de abandono. Por lá também se encontra muito lixo e garrafas de água mineral, usadas para colocar cola de sapateiro. Em baixo do coreto, em uma espécie de porão, serve de moradia para meninos e meninas de rua. Bem distante da área tombada pelo patrimônio histórico, na periferia de Belém outra praça também está em estado deplorável. É a praça Princesa Isabel, no bairro da Estrada Nova. De lá saem barcos em direção as Ilhas.Segundo relatos de alguns moradores que não quiseram se identificar, a praça é reduto de marginais."Nem mesmo a guarita da Guarda Municipal vingou, assim como um quiosque de sorvete e um posto de apoio ao turista da prefeitura. Os bandidos assaltavam todos os dias por aqui. Por isso, ela ficou abandonada e se tornou a casa deles" disse a moradora que não quis se identificar. GuardaSegundo o subinspetor Adailton Tavares, da Guarda Municipal de Belém, apenas as praças da República, Batista Campos, Ver-o-Rio, Dom Pedro II, Dom Mário Vilas Boas (no bairro do Marex), Dom Alberto Ramos (Médice) e a Praça Santuário, antigo CAN, são vigiadas 24 horas por dia. Sobre a falta de vigilância da Guarda da República, o subinspetor explica que será aberta uma sindicância para apurar o caso. "No local existem três duplas que ficam de ronda nos três turnos. O serviço não para e, por isso, temos que verificar o que aconteceu", explicou Adailton Tavares. O efetivo da Guarda Municipal é de 875 homens, sendo 575 concursados. "Agora em janeiro 700 guardas tiveram seus contratos encerrados e estamos aguardando a realização de concurso público, que acontece ainda nesse primeiro semestre, para preencher essas vagas", informou Adailton Tavares.

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